Ao nos confundirmos com o objeto, perdemos também o controle sobre o verbo.
O sujeito, então, se torna inexistente.
Quem sou eu!?
Estas três palavrinhas foram capazes de tirar o sono dos maiores filósofos da História.Talvez seja a pergunta que mais assombra a espécie humana desde o início dos tempos e parece fácil de constatar que a angústia em torno dela tenha crescido de modo exponencial ao longo de nossa evolução como espécie.
“Ser ou não ser”: o drama do Príncipe Hamlet nunca foi tão atual e vêm se tornando o maior pesadelo do homem moderno, tão conectado à tecnologia, dados e informações e ao mesmo tempo tão desconectado de si mesmo.
Enquanto o nosso ancestral das caverna direcionava todo os seu esforço para garantir um pedaço de carne e não ser morto por uma fera qualquer, e a própria identidade estava, de alguma forma, associada apenas ao instinto de sobreviver ao próximo dia e promover a continuidade da espécie, o homem moderno usufrui da conveniência de ter a sua carne congelada no freezer, e sabe que nenhuma fera o atacará durante a noite ou em sua sala de TV. Dessa forma, o seu maior desafio passou a ser sobreviver, dia após dia, a uma claustrofóbica falta de sentido diante da imensidão do cosmos.
E temos sobrevivido, ano após ano, mas não sem graves consequências.
O vazio existencial ou desconhecimento sobre a razão/propósito da existência tem sido o grande responsável pelo surto de doenças psicológicas e um grande combustível para desvios comportamentais, éticos e derramamento de sangue, justificados pela dor que este vazio é capaz de gerar, quando incompreendido. “Se Deus não existe, então tudo é permitido”, como colocou Fiodor Dostoievski, no imortal “Os Irmãos Karamazov”. Ou seja, se não há razão aparente na minha existência, por que me preocupar?
Nossa sociedade nos doutrina, desde cedo, a tapar este buraco existencial a qualquer custo. Entretanto, quando fazemos isto à revelia e sem consciência, podemos atrair ainda mais transtornos, perpetuando o rombo emocional ao invés de curá-lo. Todo ser humano, no mais profundo, está em busca de amor e compreensão.
Acontece que, muitas vezes, em nossa inconsciência, empreendemos buscas em terrenos estéreis, traindo nossa própria identidade através de pactos e alianças que trarão um mínimo de reconhecimento e prestígio, pois ainda os compreendemos como uma forma de amor.
Nada poderia estar mais distante da verdade pois, tudo o que possui origem externa ao ser está, também, fora do nosso controle. Sendo assim, a busca incessante em atender aos requisitos ambientais para ser reconhecido/amado só gerará mais angústia e desespero. Este é o ciclo perverso no qual a humanidade está inserida há milênios, e que tem nos causado inúmeras dores e sofrimentos, pois nos recusamos a olhar para este vazio e compreendê-lo.
Nossa opção por construir uma identidade recheada de objetos, ídolos e crenças, construídos a partir do limitado poder de percepção da nossa mente, dificulta ainda mais o processo, funcionando como uma poderosa força gravitacional para que continuemos presos e não consigamos enxergar uma outra saída.
Uma maior compreensão das camadas que ajudam a moldar nossa identidade é fundamental para que possamos dar um primeiro passo rumo à libertação. E não podemos falar da construção de uma identidade sem mencionar a família, os relacionamentos, o trabalho, nossa relação com os bens materiais e com o nosso próprio corpo.
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Obs: Embora tantas agravantes e atenuantes, em tentar desvendar quem somos nesta história de vida, e nem sempre encontrando respostas que se adeque à cada personalidade, penso que com o nosso próximo acontece a mesma verdade, então, se não quero ser prejulgada, ou julgada pela minha forma estranha, ou verdadeira de ser para mim mesma, acredito que a outra pessoa também tem os mesmos enfrentamentos de personalidade, devo assim, não ser condizente com atitudes desrespeitosas com a humanidade e nosso planeta, só porque somos ocultos de nós mesmos, mas não esquecendo que estamos aqui de passagem tentando acertar nossos ponteiros, da mesma forma a outra pessoa também se encontra na mesma condição, assim, devo ter tolerância, excluindo dela os exageros, atos que pela falta de caráter, ou desvio de personalidade venham prejudicar outras pessoas de uma sociedade buscando se encontrar, construir, mesmo que as vezes, mister desconstruir primeiro, e ir novamente recolocando no tabuleiro da vida, cada peça em seu devido lugar... Se coisas boas ou ruins acontecem no meio de nós, é porque há ou houve necessidade de aferições.
Esta é apenas uma opinião, ninguém precisa ser acorde com ela...
By MângelaCastro - 04/09/2024