A dignidade não é privilégio de quem acerta, mas direito de todo ser humano.
Direitos Humanos: o valor que nasce no berço
Quando o tema é Direitos Humanos, percebemos que muitos se posicionam de forma contrária, clamando por penas máximas e punições severas. Até certo ponto, esse desejo de ver o erro castigado é compreensível.
Mas, antes de delegarmos à justiça o peso de corrigir o outro, talvez devêssemos voltar o olhar para dentro de nós mesmos — para a educação que recebemos em casa, para as escolas que frequentamos, para a política social praticada por nossos representantes.
Você acredita que, da infância até a maturidade, teve garantida sua dignidade humana?
Basta um pequeno olhar à nossa volta para perceber: a vida para muitos não foi assim tão justa. Faltaram condições básicas, acesso digno à saúde, à segurança, à escuta e ao afeto. Faltaram direitos — e sobrou abandono.
Os problemas que hoje queremos punir com rigor muitas vezes nasceram na base — no desequilíbrio familiar, na ausência de orientação, no esquecimento social.
Muito se fala em Direitos Humanos no momento da punição. Mas o verdadeiro sentido desses direitos começa no berço — no colo que acolhe, no cuidado que orienta.
Somos formados no olhar de quem nos cria, no respeito que recebemos, nas palavras que escutamos na escola, nos exemplos que a sociedade nos oferece. A dignidade não é uma recompensa: é um direito.
Mesmo tendo sido vítima de bullying, perseguições e um sequestro rápido junto com um parente e uma amiga, à mão armada, nunca deixei de acreditar na dignidade da vida.
Essas dores não me tornaram amarga, embora me fizessem muitas lágrimas derramar — mas reforçaram em mim a certeza de que quem fere, muitas vezes, já foi ferido. Cresceu sem amor, sem cuidado, cercado por abusos e castigos que não se veem. Então, segui exercendo minha profissão, exercitando serviço social, me deixando catequisar, me preparando para ser catequista, não só de rezas, a fé é importante, mas também de conscientização do cristão enquanto sociedade, através da pedagogia das irmãs Paulinas que apoiei desde o princípio para nossa catequese, pois ensina jovens e adultos a serem pessoas melhores dentro dos seus grupos de família, de religião, amizade e profissão, não só caridade, mas acima de tudo conscientização a partir do próprio exemplo de vida, por que nao do bem?
Lá fora, a sociedade não acolhe. Julga. Exclui. Também é vítima — de um sistema que ensina a sobreviver, mas não a sentir.
Mesmo enfrentando uma síndrome do pânico, eu entendi: é preciso romper o ciclo. Não para justificar o mal, mas para compreendê-lo.
Só o amor — o amor real, que respeita, acolhe e reconhece o outro como irmão, isso não enseja ser só obediente, pois temer a Deus, e aos pais, é ter respeito com liberdade de ação — pode nos devolver à nossa essência: a dignidade de ser humano.
Jesus, conhecendo o íntimo de cada coração, não nos ensinou a julgar com severidade, mas a amar com profundidade.
Na Parábola do Filho Pródigo (Lucas 15:11-32), vemos isso com clareza. O pai não nega a dignidade do filho que errou. Ele o espera, o abraça, o veste, o devolve ao convívio. Isso não apaga o erro, mas revela o poder do acolhimento, do recomeço e da compaixão.
"Não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento." — (Lucas 5:32)
Essa frase de Jesus nos lembra que justiça e amor caminham juntos. Ele não ignora o erro, mas estende a mão para resgatar quem caiu. E esse gesto é o verdadeiro coração dos Direitos Humanos.
Sim, a justiça deve existir. A responsabilização também. Mas não se constrói um país melhor apenas punindo — e sim transformando. E essa transformação começa antes do erro, quando a dignidade é oferecida e reconhecida.
Direitos Humanos não protegem o erro — protegem o ser humano.
Porque quem nasce esquecido, cresce ferido. E quem cresce ferido, muitas vezes, machuca.
Se queremos justiça de verdade, que ela comece com humanidade. Que ela reflita o amor que Jesus nos ensinou a praticar — mesmo quando for difícil. Ele fez isso, morreu por nós, e nos revelou que a vida deve continuar mesmo sob as intempéries dos tempos ...
By MângelaCastro - 25/05/2025