Justiça não se faz na força, mas na razão. Uma reflexão sobre democracia, comércio e respeito.
Este é o meu ponto de vista. Naturalmente, há controvérsias a serem debatidas por aqueles que detêm a responsabilidade institucional e política das decisões. No entanto, é fundamental que tais escolhas não firam os princípios constitucionais nem os direitos de cidadania.
Reconheço que há interesses comerciais relevantes envolvidos nesse tabuleiro de poder econômico, mas é preciso lembrar que nenhum dos líderes chegou ao governo por acaso. Ambos foram eleitos pelo povo e, por isso, devem não apenas respeito, mas também respostas — que sejam maduras, ponderadas e conscientes.
As decisões tomadas hoje podem impactar profundamente o futuro de suas nações e até comprometer antigas parcerias que, até aqui, eram sólidas e promissoras.
Não é justo nem coerente impor tarifas excessivas ao Brasil por razões que claramente pertencem ao campo doméstico norte-americano. Decisões comerciais com impacto internacional exigem parcimônia e diálogo, não impulsos ideológicos ou atos unilaterais.
Medidas assim, além de ferirem a confiança entre nações parceiras, podem atingir o próprio país que as impõe — como vem acontecendo com a exclusão de estudantes, trabalhadores e empresários estrangeiros qualificados e com direitos de vistos nos Estados Unidos.
Nosso país se estrutura sobre três Poderes fundamentais — Executivo, Legislativo e Judiciário — independentes e harmônicos entre si, conforme estabelece nossa Constituição. Nenhum deles deve interferir nas atribuições do outro, sob pena de comprometer o equilíbrio institucional e a própria democracia.
Por isso, é preciso lembrar que nem um presidente, nem o povo que o elegeu, podem ser previamente julgados ou definidos por interpretações unilaterais de qualquer outro poder. Sim, o papel do Judiciário, especialmente das instâncias superiores, é zelar pela Constituição e pelos direitos do cidadão, e não agir como ator político que suplanta a vontade popular.
Preservar a autonomia entre os poderes é garantir que a democracia siga viva, com seus freios e contrapesos, mas também com o respeito mútuo e a escuta do que vem das urnas — que, afinal, expressam a voz soberana do povo.
Entre tarifas e discursos, que não se perca o bom senso. Que Deus inspire as nações em contenda.