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segunda-feira, 16 de junho de 2025

Entre a Cruz e o Espelho: Por que ainda tememos a diferença?

 

✍️Mil dúvidas eu tivesse, mil respostas eu daria ...

Como alma fragmentada, tento alçar altos voos — mesmo com asas feridas. Voo em direção à liberdade: de agir, de expressar, de simplesmente ser. Apenas eu, sem muita acomodação, sem infringir leis... Apenas vivendo o tempo que me foi destinado. 

Ora, estas não eram dúvidas novas — eram antigas, mas estavam acordadas. Como se, enquanto eu dormia, elas tivessem se agitado no escuro e agora me chamassem para conversar.

Pensei em Jesus.

Não no símbolo que criamos com os séculos, mas no homem que caminhou entre outros homens.
Naquele que olhava nos olhos, tocava feridas, sentava-se com os malvistos e ousava dizer que o Reino de Deus não era um palácio, mas um estado de coração.

Ele foi morto.
Não por roubar, não por matar, não por mentir —
mas por pensar diferente.

Jesus viveu o risco de ser livre numa sociedade acostumada com grades invisíveis.
Ele propôs uma política social de encontro, uma espiritualidade de comunhão, um amor que não se submetia aos dogmas do poder.
E isso foi insuportável.

Dois mil anos depois, o eco daquela história ainda se faz presente.
Basta alguém se pronunciar nas redes — falar de justiça, acolhimento, desigualdade — e pronto: surgem vozes afiadas, insultos disfarçados de opinião, monstros tenazes que dormiam sob a pele de perfis pacíficos.

Por que tanto ódio ao diferente?

Talvez porque o diferente seja um espelho.
E olhar-se de frente exige coragem.

Somos educados a temer a sombra. A rejeitar o que não entendemos.
Mas esquecemos que até o verme tem papel na vida: ele decompõe para que algo renasça.
Talvez também devêssemos olhar o "mal" com mais humildade — ele, às vezes, é o mestre mais difícil, porém mais revelador.
E a dor, se bem compreendida, ensina mais do que mil manuais.

A evolução não se dá apenas nos saltos de luz.
Às vezes, é no mergulho no lodo que descobrimos a essência do bem.

Ainda vivemos cercados por cruzes: julgamentos apressados, violências simbólicas, cancelamentos seletivos.
Mas talvez seja hora de descer dessas pedras e voltar a caminhar com o outro, como Jesus fez — lado a lado, sem medo da lama nem da luz.

Porque, no fim, a verdadeira santidade pode estar em acolher o que é diferente em nós... e no outro.

Por MângelaCastro - 16/06/2025

Reflexão no Amanhecer

📣 Vamos dialogar?
Sua opinião, mesmo diferente da minha, é bem-vinda.
Deixe seu comentário abaixo — sem pedras, mas com olhos atentos e coração aberto.

Enviado por MângelaCastro em 16/06/2025

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domingo, 15 de junho de 2025

NA ESCURA ALCOVA, A LUZ QUE NÃO SE APAGA ...


(Reflexão ao despertar às 6h20 da manhã)

Eu creio porque vejo.
Mas há quem veja — e mesmo assim não creia.
E há quem chame de loucos aqueles que veem com os olhos da alma. Loucos de Deus, por Deus...
E benditos sejam!

Porque Ele mesmo se revelou a nós — em Corpo, Espírito e Amor.
Primeiro a uma mulher: Maria de Magdala, sua amiga dileta.
Depois, aos caminhantes de Emaús, como nos conta o evangelista Lucas, em uma narrativa cheia de emoções e mistérios.
Ele, JESUS, caminhava ao lado deles, conversava...
Mas não O reconheceram.
Porque somos assim: vemos, mas ainda não entendemos.
Nossa visão, muitas vezes, é infantil.
A imagem se nos apresenta, mas só mais tarde — com amadurecimento — ela ganha foco.
E então, estupefatos ou emocionados, compreendemos: era Ele.
Era Ele o tempo todo.

Mais adiante, Jesus se mostrou aos apóstolos, já ressuscitado.
Mas ainda não os deixou tocá-Lo.
Seu corpo glorioso ainda se espiritualizava… Jesus sabia que se naquele momento tentassem toca-lo se assustariam mais ainda, e o chamariam de "fantasma", pois suas mãos atravessariam seu corpo, você crê nisto? Ora, não importa se não crê, Ele tudo sabe, e isto O basta, e aos que Nele creem...

"O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece, mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento será deixado para trás. Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando, porém, vier o que é completo, o que é em parte será deixado para trás. Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino."(1Corintios 13:6)

Por isso, não, não é plausível dizer que tudo foi alucinação.
Não.
Foi o próprio Senhor Vivo que se mostrou —
não para ser aclamado, mas para ser glorificado.

Assim expressando: admiração, gratidão e respeito, inspirando outros e fortalecendo a identidade de uma comunidade. 

É continuar escrevendo evangelhos de nossos cotidianos —
não só para os que enxergam, mas também para os que não veem.
Usamos recursos para que ouçam, para que compreendam.
Assim também é com a fé:
Alguns veem e não creem.
Outros creem mesmo sem ver —
e esses são chamados bem-aventurados por Nosso Senhor.

Mas Ele ama a todos. Sem distinção.
Porque Seu Amor não é condicional,
é infinito.

Para os judeus da época, o Messias era um rei triunfante —
Não alguém que morreria crucificado.
Mas a ressurreição desfez a tragédia.
Cristo vive!
E com isso, todas as Suas promessas se cumpriram.
É nesse fato — na Ressurreição — que nasce o cristianismo.

Foi assim que despertei nesta manhã, às exatas 6h20.
Abri os olhos e me vi em completo breu.
Nenhum ponto de luz. Nenhuma nesga acesa no banheiro, como costumo deixar.
Assustada, pensei: “Meu Deus, perdi a visão!”
Tateei às pressas o criado-mudo. Peguei o celular.
Queria saber se era eu… ou o mundo.

E então percebi:
A luz artificial se apagara.
Era só isso.

E confesso que não é a primeira vez que isto me acontece, em uma outra madrugada desperta no escuro total, gritei pelo meu filho, que acorreu até meu quarto, e me vendo assustada me consolou, ____não se assuste mãe, a força de luz acabou, foi só isso, e ele tinha já aceso uma luz artificial, e sem me levantar repousei tranquila...

Mas naquele instante, entendi:
Pobre de mim, que esqueci de deixar acesa a luz que nunca se apaga... A luz de Cristo Jesus.

E você, que me lê — ou me ouve:
Consegue crer no que aqui escrevo? Já se sentiu perturbado (a) também acordando no escuro total de seu quarto de dormir? 


By MângelaCastro  - 15/06/2025



sábado, 14 de junho de 2025

🌿 INVERNO DA ALMA...ESPERANÇA VIVA ...🌿

Bom dia amores & amorinhas!

MESMO EM NOITES FRIAS E ESCURAS, HÁ SEMPRE CALOR ONDE MORA A COMPAIXÃO...


O sol talvez demore,

mas o afeto não se atrasa.
Quem se inclina ao necessitado
já carrega em si a chama
que reacende a esperança.

🌿🌿🌿

Foi exatamente assim que despertei para este frio sábado de junho, refletindo sobre a solidariedade fraterna, a escuta da homilia de Dom Orani João Tempesta, a necessidade do ir e vir constante, sem medos, e que seja sem dar pausas ... diz a primeira Leitura, 2ª carta aos Coríntios por São Paulo. (2Cor 5,14-21) "O amor de Cristo nos pressiona, pois julgamos que um só morreu por todos, e que, logo, todos morreram. De fato, Cristo Morreu por todos, para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por por eles morreu e ressuscitou".(...). e viver por Ele, é viver para o próximo...

e, nos aponta o que às vezes preferimos não ver. Diante da miséria humana, que assombra milhões de almas criadas para sentirem-se bem, não podemos permanecer indiferentes.

Essa foi a tônica da homilia desta manhã fria de sábado. O arcebispo, com voz serena, nos lembrou da urgência em continuar o trabalho junto aos moradores de rua. A solidariedade, disse ele, não se esgota — porque sempre há alguém esperando por um olhar, uma escuta, uma mão.

Nesta madrugada, tive um sonho. __Andava com minha irmã por uma rua escura, como se estivéssemos dentro de um antigo filme em preto e branco. As casas eram apagadas, sem cor, e o cenário todo parecia um lamento silencioso. Caminhávamos procurando algo... até que, atrás de uma pedra, um fio de fumaça subia de um buraco na calçada. Apontei e disse:
— Olhe, ali... está vendo? Um homem tenta se aquecer. Ele se esconde atrás daquela fumaça...

Logo depois, nos víamos num apartamento. No beiral de uma janela alta, nossa mãe andava com serenidade. Uma vizinha gritava alterada. Eu tentava acalmar a situação, mas meu olhar se fixava em mamãe, caminhando ali, como quem passeia entre mundos. Aflita, pedi que tomasse cuidado — e ela me respondeu com um sorriso doce, falando em pensamento:
— Não, bobinha... eu não vou cair.

Acordei com o coração apertado e um pensamento lúcido:
— Como ela cairia, se agora é espírito? Espíritos não despencam...

Talvez ela tenha vindo apenas para nos lembrar do que devemos fazer. Seguir em frente, com alma estendida como cobertor, como pão, como chama. Mamãe foi muito caridosa, tinha muita compaixão com os mais necessitados, nunca faltou um pedaço de pão, ou uma refeição para quem batesse à sua porta pedindo. Talvez nos tente fazer entender, para que a alma não se agite — mas se aqueça no calor da compaixão.

By MângelaCastro - 14/06/2025


sexta-feira, 13 de junho de 2025

" ...“O Crucificado nos Olhos da Amizade”

A presença d'Ele revelada no olhar de quem nos chama de volta…


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Ontem, trocando impressões com uma querida amiga pelas redes sociais, relembramos nosso caminho na fé. Sua filha, que antes era uma jovenzinha entrando na puberdade, hoje é uma bela mulher. Seguimos nossas jornadas, participamos de celebrações, buscando uma “vida plena”, cada uma cumprindo suas etapas.

Em dado momento, ela me disse:

“Maria Ângela, sinto saudades de você. Por que não vem participar de uma celebração conosco, uma Eucaristia?”

Meus olhos marejaram. É emocionante saber que alguém sente falta da nossa presença. Pensei comigo:

“Jesus, que cruz é essa que me imponho?”

Ela se referia ao caminho neocatecumenal, do qual estou em modo "pause" há algum tempo — como já fiz outras vezes, movida por minhas insatisfações, inconstâncias e buscas incessantes. Em cada recomeço, me pergunto: o que procuro?

No fundo, sei bem a resposta: destinos não cumpridos, um vazio que não se preenche, um direito de ser e fazer que se perde no tempo. Novos acontecimentos me arrastam e me abraçam, e assim a vida segue, deixando o passado para trás.

Embora não seja Semana Santa, para mim parece ser — atravesso dores profundas, paixões incontidas. E, enquanto passo por meus “campos santos”, percebo que, sozinha, tudo se torna mais lento e difícil.

Hoje, lembrei-me de um canto milenar, um alerta para mim e para os povos dos últimos tempos:

“Ai de ti, Betsaida; ai de ti, Corozaim.”

Este pensamento reflete o desejo do bem em nosso meio. Encoraja-nos a refazer caminhos, renovar esperanças e abraçar oportunidades de vida.

Com ele, inicio esta manhã, desejando-lhe um bom dia. A vida germina, incontestavelmente, e nos chama a construir o futuro, que já começou.

Reflito sobre todos os que foram perseguidos e crucificados ao longo da História — assim como sobre nossos sofrimentos cotidianos: lutas internas, incertezas, intemperanças, buscas incessantes por verdades incompletas, perdas de entes queridos.

Segundo Santo Agostinho, eles seguem conosco, apenas mudando para uma via paralela. Essa certeza consola — mas nem todos a têm. Afinal, são mistérios de Deus, que inevitavelmente doem.

Que essa dor nos converta. Que nos transforme para melhor, desperte-nos e amadureça nossos corações, como os frutos em suas estações.

Se não for assim, como veremos o Crucificado? Aquele que, após três dias, se apresentou em corpo, espírito e pensamento?

A dor não deveria existir. Mas dói.

Dói também pela desumanidade e pelo medo que tingem o mundo com cores sem beleza.

E, diante da miséria humana que atormenta milhões de seres criados para a felicidade, não podemos permanecer indiferentes.

Ai de nós se fecharmos os olhos às sete cores do arco-íris!
Não apenas ao verde, que no Tempo Comum simboliza a esperança, o amor, a fé e a paz —
mas também à coragem, à perseverança, à solidariedade, à resiliência, à bondade e à partilha que a vida nos ensina.

Ainda assim, muitos permanecem cegos à verdade que se descortina… mas não se vê.

Na esperança de que a vida se humanize, rogo para que as bem-aventuranças, como no Sermão da Montanha, prevaleçam como verdadeira justiça.

E que, a cada amanhecer, renovemos nossa fé no mundo do nosso único Deus — Pai, Filho e Espírito Santo.
Amém.

— MângelaCastro, 10/06/2025



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domingo, 8 de junho de 2025

Nós, Mães do Evangelho (Ermes Ronchi)


 Hoje é Pentecostes! (Ano VI)

“Que o Espírito Santo renove nossa fé, nos dando força, coragem e mansidão para carregar a cruz e florescer a paz.” 🙏🌿

Evangelho: João 14,15-16.23-26


Senhor, hoje,

quando nós, cristãos, nos reunimos para celebrar o Pentecostes,

desce sobre nós a luz do Teu Espírito,
enviado por Ti.

Concede-nos, Senhor,
força para suportar o peso da cruz,
coragem para erguer os olhos ao céu,
e mansidão para caminhar nos trilhos de pedra
que marcam o chão da Tua Igreja.

Ainda hoje,
carregamos o fardo do sofrimento e da injustiça,
e sentimos a culpa,
mesmo quando inocentes,
dilacerando o coração
daqueles que em Ti
sempre depositaram a própria vida.

Renova, Senhor, a face da Terra.
Esquece, Pai, nossos pecados,
e faze brotar em nós uma nova esperança,
como uma nova plaga,
onde floresça a paz
e a fraternidade entre todos.

By MângelaCastro - 08/06/2025


“Na grande Catedral que Deus está a construir connosco, cada um de nós é uma pedra insubstituível” (G. Vannucci).


Com o Espírito Santo, as palavras não se fazem. O Espírito é Deus em liberdade e não tolera cercas, nem mesmo de palavras sagradas. Ele força  todas as portas.


A primeira porta que derruba é a porta trancada de uma casa onde falta o ar. Lucas conta-nos sobre os apóstolos que saem dela como embriagados, fora de si, atordoados por uma súbita intervenção de Deus.


É a primeira igreja, exausta e assustada; um grupo desiludido que, barricado em casa, se desintegrava e que, de repente, se vira do avesso como uma luva, e enfrenta a cidade que mata os profetas: "Aquele Jesus que mataste está vivo!".


Pareciam "ébrios", como que alterados, fora de si, os loucos de Deus; porque o cristianismo não se espalha por doutrinas ou proibições, mas, como então, pela entrega amorosa e contagiante da paixão por Deus e pelo homem.


A segunda porta é aberta pelo salmo entre as leituras, com o seu registo majestoso, uma melodia que navega e paira sobre o mundo: A terra está cheia do teu Espírito, Senhor (Sl 103). A terra inteira, nenhuma criatura excluída, está cheia dele; não apenas tocada pelo vento de Deus, mas preenchida. Mesmo que não seja evidente, mesmo que permaneça inchada de sangue, de loucura, de guerras por todo o lado.


A terceira porta do Espírito abre-se a cem outras: Paulo fala de uma chama de fogo que se divide e que, tal como a música, preenche e une vidas diferentes, abençoa o génio e a singularidade de cada um, pede discípulos criativos que não repitam as palavras dos outros: livres, leves e límpidos.


“Na grande Catedral que Deus está a construir connosco, cada um de nós é uma pedra insubstituível” (G. Vannucci).


Qual é a obra do Espírito? A obra que Ele realizou com Marcos, Mateus, Lucas e João: Ele gera evangelistas. Cada um de nós é um, com o seu próprio evangelho para proclamar. E ninguém nos pode substituir aí mesmo, onde Deus nos colocou.


A quarta porta abre-se com o Evangelho: o Espírito vos há-de guiar para toda a verdade. É a humildade de Jesus, que não afirma ter dito tudo, mas fala-nos com verbos todos voltados para o futuro: o Espírito virá, anunciará, guiará, falará. 


Recordará coisas antigas e descobrirá coisas novas. Ele, o inventor supremo. E rezar-Lhe é olhar para a varanda do futuro, onde a verdade, sempre incompleta, cresce e amadurece.


O Espírito realiza em nós a mesma obra realizada em Maria: encarna em mim o Verbo, faz com que cresça, faz de nós todos e todas mães de Deus.


Então, nada de católicos deprimidos! Porque ao meu pequeno barco à vela nunca faltará vento. Nenhuma ansiedade quanto ao percurso, porque um Vento livre e libertador sopra sobre nós. E faz-nos a todos vento dentro do seu Vento. Porque o Evangelho não está acabado, é infinito e cresce com quem o lê. (Gregório Magno). Cresce contigo. És a sua mãe.

Fonte: Comunidade de Nazaré

Partilha de um amigo, Paulo Costa, Lisboa, Portugal.

sábado, 7 de junho de 2025

O MENINO QUE ENSAIAVA VOAR ....

 


Hoje acordei estranha de mim,

com um leve tremor de frio.

O sonho me levou ao passado —
a um menino.
Voava entre a infância e a puberdade,
tentando ganhar altura.

De alma inquieta,
personalidade forte,
era apenas um menino:
cabelos negros como a noite,
pele alva como a alvorada,
tão magro, quase etéreo —
como se carregasse em si
apenas o sopro da vida.

Sério, mas terno,
intransigente,
seus olhos me perscrutavam
com a intensidade de quem guarda
um segredo —
algo ainda não revelado,
num tempo suspenso.

Um desapego ainda não conquistado,
ensaiava seu voo.

Em sua solitude,
o menino descobria o peso
de abandonar o ninho.

Durante o sonho,
ele apontava,
com seus dedinhos,
para algo atrás de mim —
como quem diz:
___ “Preste atenção...
Vê? Aqui está o que precisa limpar.”

E insistia —
com seu dedinho,
silencioso, mas insistente.

Sua mãe —
jovem senhora de cabelos claros —
atenta a tudo,
mas distraída nos detalhes.

Alguém gritava,
ecoando palavras de agente,
num tom profético:
o futuro do menino
já estava escrito...

Ela queimava papéis,
e colocava uma pedra por cima,
como se enterrasse
um segredo —
talvez um sonho —
sem perceber
os véus que cobriam
as feridas do menino.

Mas ele,
mesmo assim,
era uma fênix —
feridas que não se curam
sem antes se abrasar,
sem antes aprender
com a vida
a se desapegar.

Aceitar,
no entanto,
que tudo tem seu tempo,
que nada se prende para sempre —
e que a vida se solta
em voo de liberdade
quando menos se espera.

Abri os olhos,
e o sol se esgueirava
pelas frestas da janela,
como se viesse correndo
para me aquecer —
corpo e alma.

Talvez tenha significado para você?
Para mim,
é a lembrança
de que, mesmo
nas madrugadas mais frias,
sempre há a promessa
de um novo amanhecer.

E percebo —
entre as teclas e os suspiros —
que o tempo segue seu ritmo,
ainda que, às vezes,
me pareça sem sentido,
pulsando entre o que escrevo
e o que ainda espero.

Ele sopra —
uivante com os ventos —
nos lembrando,
como o menino no sonho,
de que, mesmo que eu escreva,
o tempo não espera.

Ele passa,
escorre pelos vãos da vida,
levando consigo
pensamentos,
sonhos,
desejos —
e a quimera
de quem não soube se desapegar.

Na esperança,
apenas,
de que, como libélula,
ele pouse um dia
em minha pequena janela,
trazendo a paz do desapego,
a renovação,
e a leveza de quem, enfim,
aprendeu a voar.

E como num sopro sublimar,
o menino repousou —
no leito refeito —
e, em silêncio,
se acalmou...

By MângelaCastro - 03/06/2025

Enviado por MângelaCastro em 07/06/2025
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segunda-feira, 2 de junho de 2025

🌅 PRECE PARA ESTA MANHÃ DE JUNHO 🌅 ESTAMOS CONECTADOS!

 

Senhor e Nosso Deus, Bom dia!

Com despretensão, mas firmada na fé e na esperança, venho aqui rogar-Vos, de todo o coração, do alto dos Vossos cuidados para conosco, que, com o Cálice cheio do Vosso Espírito Santo, limpeis nossa alma, cureis nossas feridas do corpo e da mente, e nos laveis de toda impureza que, como poeira dos últimos tempos, nos tem alcançado.

Senhor, não olheis para nossos pecados sem antes nos perdoar, pois somos caminhantes nesta vida, buscando a salvação.

É sabido que ninguém veio ao mundo apenas a passeio; todos haveríamos de passar por grandes tribulações, provações estas, às vezes por nós e pelos outros mal compreendidas, sabe aquela voz que grita dentro de nós? : ___Por que ele, ela, tem que passar por isto, se é um ser tão bondoso(a)? Talvez hoje não compreendamos, mas chegará o tempo em que tudo se esclarecerá para nós outros — mas também é certo que neste balançar, como um barco nas ondas de um mar, passamos também por bons momentos. Mas o maior consolo de tudo é que nos destes a certeza de que jamais nos deixaríeis sozinhos nestas estradas, ou como navegantes perdidos neste grande oceano da vida, Vós seríeis o leme. Assim espero e assim confio!

Ajudai-nos, neste dia que desperta, a olhar para o horizonte onde está a nossa esperança de vida eterna, neste grande celeiro de Deus. Ajudai-nos, Senhor, a preencher o vazio do altar do nosso lar, exatamente como nos tendes ensinado, mostrando caminhos e maneiras de atuar por nós mesmos e pelo nosso próximo. Que assim seja, até quando Vós mesmos nos permitirdes continuar nesta jornada.

Que a Vossa luz resplandeça sobre nós outros, Senhor Jesus, e sempre que as sombras tentarem nos encobrir, ou nos flagrar em atitudes, pois como muitos gostam de ensejar, o "demo" está à solta no mundo, vagando através de pensamentos equivocados, invejas, ciúmes, dores das almas, só esperando que se abra uma porta para que entre...

“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12)

By MângelaCastro - 02/06/2025

domingo, 1 de junho de 2025

FORÇA DO DESTINO, " EU_EMPURRÂOZINHO" DE DEUS ...

 

  • 'O que guarda a sua boca conserva a sua alma,
    mas o que muito abre os lábios tem perturbação'.

  • Sou feita de fuxicos e retalhos, costurados pelas próprias mãos, correndo sem sair do lugar, vou traçando caminhos sem pausar, sou o que muitos desejam que eu seja, mas nem sempre sou o que desejam, o que sei, é que um dia fui ornada pelo nosso Criador de modelos, pensava Ele ter me modelado perfeita, mas se enganou. 

Costuro um caminho percorrido pela saudade: de cheiros, sabores, amores e amizades, que me tornam uma pessoa mais completa, uma resenha da própria existência, e assim vou cerzindo minha colcha de retalhos, um pedacinho aqui, outro acolá, às vezes, desforme, por não encontrar encaixe perfeito, mas vou ao longo deste caminho enfeitado, plasmado por lembranças, costurando com a linha do tempo, tecendo meu próprio remendo...

Sou composta de "Fuxicos e Retalhos", sou obra do destino com um empurrãozinho de Deus, lembrando que lidamos com nosso livre arbítrio, e por ele somos responsáveis, assim JUNTINHOS, em alma, coração e pensamento, modelo minha vida, com pequenos pedaços, formados por momentos, percorrendo este cerzir o avesso de mim mesma, um caminho mesclado de sororidade, amor e poesia, avessa ao patriarcado, pois nem o tive enquanto por aqui caminho com  meus antagonismos.  É com esta forma de traçar meu com_passo,  sigo aprendendo. 

Dizem os entendidos, que me escrevo sem desenho, sem rima, sem métrica, sou um poema livre, um ser, procurando o destino entre_linhas, novelos, lisuras, figuras, coloridos e rabiscos às vezes, assim vou seguindo o caminho, costurado por pequenos retalhos de vida, preenchendo os vazios, sem amargor, contundente às vezes, um ser fugidio de mim mesma ....busco meu destino, onde quer que ele esteja escondidinho de mim, bem sei, que lá um dia estarei.... E este mês de Maio que não acaba! Lá fora, os ventos que me esperam, mais fortes sopram, o ar está umedecido pelo orvalhar da madrugada fria, espera tranquila, a volta do sorriso do sol que se pôs ontem ...

O tempo de 24 horas passou, meu corpo repousou, mas minha alma se desprendeu e voou para mais um aprendizado através dos sonhos, andei, andei, mas voltei, me contatei com pessoas conhecidas e desconhecidas ... e voltei na mesma madrugada que nasci, exatamente à 01:30 vim participar desta vida que Deus mo permitiu viesse após com Ele me comprometer, e cá estou, nem sempre muito obediente e claro dou "com os burros n'água", como dizia minha mãe: ____"Filha, faça o que falo, não faça o que faço".... mais um domingo de Nosso Senhor, aqui teclando minhas palavras, e ouvindo Papa Leão XIV ...

By MângelaCastro - 31/05/2025



Entre a Cruz e o Espelho: Por que ainda tememos a diferença?

  ✍️Mil dúvidas eu tivesse, mil respostas eu daria ... Como alma fragmentada, tento alçar altos voos — mesmo com asas feridas. Voo em direç...