Há uma mulher que chora
pelo filho perdido
em anos de repressão,
há uma mulher que levanta a voz
e denuncia a violência...
Há uma mulher que tombou,
como Dorothy Stang...
há uma mulher que se vai,
como Gladys Maryn...
há uma mulher libertada,
como Giuliana Sgrena...
Há uma mulher nos Andes
que se veste com cores vivas
e protesta contra acordos de morte,
há uma mulher nas matas
que não se veste e ama em liberdade.
Há uma mulher na fábrica, suja de fuligem,
e há uma mulher que acordará no piquete
para dizer que já não suporta a exploração.
Há uma mulher que desce de El Alto
para dizer que a água é um bem do povo...
Há uma mulher violentada em Neuquén,
e outra que tombou no nordeste brasileiro.
Há uma mulher que canta em Chiapas...
e tantas outras desaparecidas em Ciudad Juárez.
Porque há mulheres nos pampas,
nas planícies e nas montanhas...
Porque há mulheres no mar,
nos rios e nos lagos...
Porque há uma mulher bolivariana,
paquistanesa, indiana, afegã,
palestina...
Porque há uma mulher em lágrimas,
e outra que sorri contente...
Porque há uma mulher que ama
e tantas para serem amadas.
E porque há tantas mulheres...
(Como Marielle Franco, que sofreu feminicídio por ser Mulher e negra
Quem foi Marielle Franco? Conheça a sua história | Politize!)
segue o poeta dizendo:
Digo que amo a todas...
Quisera ter braços tão longos
que as envolvessem...
Quisera ter o peito tão largo
que lhes servisse de amparo...
E quisera ter os beijos suficientes...
Quisera apenas dizer, de forma clara e inequívoca,
que as amo, simplesmente porque existem...
Quisera apenas dizer isto:
Obrigado... muito obrigado...
porque vocês existem!