Hoje oro por eles, nossos amigos espíritas ....Vieram. Fizeram. Partiram. Deus conosco
Quando ainda criança, minha mãe não sabia lidar com minha sensibilidade — digamos assim. Levava-me aos médicos, eles prescreviam receituários, e ela jogava tudo no vaso sanitário, dizendo:
— Imagina! Não vou dar esse tipo de remédio pra minha filha!
Foram muitas noites escuras, muitos choros e medos, aconteciam coisas que eu ainda pequena não entendia, e mesmo na adolescência foi complicado, me tornei uma jovem solitária comigo mesma, fechada às vezes para o mundo lá fora, tímida, que hoje refletem na minha vida adulta, claro, quero que as pessoas me entendam, mas fica evidente que isto acontecia somente com meus amigos espíritas e espirituais rs, hoje até busco compreender, não tão fácil assim, pela lógica evolutiva do ser, tentei resolver com terapias, tudo inclinava para a escrita. Mas, conforme eu crescia, os "sintomas" iam desaparecendo. Principalmente depois que aprendi a ler e escrever, aos seis anos — foi praticamente automático. Ainda assim, eu nada compreendia. E o silêncio sobre este assunto era imperativo em nossa casa.
Minha mãe, católica, Filha de Maria, devota do Sagrado Coração de Jesus — sabe aquela fita vermelha que algumas mulheres usam ao rezar? Então, era desta comunidade que fez parte— sempre aconselhava:
— Reza, minha filha. Este é o melhor remédio.
Ela nos concedeu todos os sacramentos da Igreja Católica, participei de pastorais, catequeses para jovens, adultos, mas eu ainda choro muito, sério, não sei por que chorava e choro, não existem motivos, a não ser quando perco meus amigos, parentes, como perdi meus pais, para a morte, que hoje embora dói muito, entendo que é só uma passagem, uma mudança de caminho, como ensina Santo Agostinho. "Só sei que nada sei", e isto às vezes ainda me incomoda, rs penso que fui meio que não sei ...
Tudo começou a resolver na minha cabeça, quando fui apresentada ao Chico Xavier por amigas em comum, anônima, sigo .... tem momentos que penso estar invisível aos olhos humanos, uma criatura meio que indecifrável, já ouvi amigos, me dizer: ___Não te entendo! Acho que sou meio um mosaico ainda sendo trabalhado, pedra por pedra, e isto incomoda, mas dado o primeiro passo, foi como se uma libélula, presa em um escafandro, começasse a se libertar. Criei asas, ainda frágeis. Permaneço em voos rasos — faço mergulhos como o pássaro mergulhão, apenas em águas baixas — pois ainda estou aprendendo a voar. Só em sonhos voo alto. É quando eu sou o que sou, me desapego desta matéria que pesa e me prende ao chão duro...
Assim vejo e entendo o morrer, morremos todas as noites quando dormimos, só que uns acordam, outros seguem viagem longa e profunda: um libertar-se do casulo, para alçar altos e significativos voos. Cada pássaro em seu plano busca migrar...
Semeadores da luz e do amor na terra ....
Estive com ele, Chico Xavier, e com seu grupo de prece, por meio de Dona Leonor, do Lar dos Vozinhos de Franca, e também por outra amiga querida. e também de faculdade. Elas se hospedavam em nossa casa quando iam a Uberaba com o intuito de visitar Chico Xavier. Dona Leonor era considerada por ele como uma irmã, com livre passagem, como se fosse da própria família.
Por um tempo, caminhei com eles — os irmãos espíritas de lá e de cá — inclusive em uma casa de sopa nesta cidade, mas também em outras fraternidades católicas. Foi um tempo de trabalho e novos aprendizados: saber doar-se sem olhar a quem.
Meu primeiro livro espírita, __ Nosso Lar ___ e que me foi presenteado, para tentar entender aquilo que me era, digamos, “estranho”, foi-me presenteado por Vivaldo — francano, diagramador dos livros de Chico, com quem tive longas conversas sempre que os visitava, enquanto ele datilografava as mensagens, sentado em uma mesinha do lado de fora do grupo de prece, eu sentava a seu lado e calmamente, entre uma tecla e outra, íamos tentando nos entender. Hoje, ele habita uma das moradas do Pai Eterno.
O Espiritismo Kardecista, baseado na lei do amor incondicional, assim como muitas outras religiões com suas oblações peculiares, vem somar à ciência — que hoje cumpre papel significativo, atestando muitas revelações ao mundo. Os espíritas seguem os passos de Jesus e seus ensinamentos, e têm um profundo respeito por sua Mãe, Maria. Cada qual com seus dogmas, saberes e dons. Tudo isso faz parte da evolução humana.
Nada nesta vida é por acaso. Estamos aqui por providência e permissão divina, para aferirmos a nós mesmos e, com os aprendizados, ajudar aqueles que ainda precisam crescer em “estatura, sabedoria e graça” (Lucas 2:52).
É impossível não notar a profundidade desse significado, que vai muito além do simples amadurecimento. Em verdade, abrange três áreas fundamentais: o desenvolvimento físico, intelectual e espiritual — refletindo o equilíbrio entre a humanidade de Jesus e sua divindade. Então... por que não segui-Lo? Por que não buscarmos ser como Ele é verdadeiramente?
Como ensinava Paulo de Tarso — que um dia foi apenas Saulo, e hoje é São Paulo:
“De nada me adianta falar a língua dos anjos, se não tiver amor.” (1 Coríntios 13)
E convenhamos: que mundo sem graça seria, se todas as flores fossem iguais e exalassem o mesmo perfume...
Hoje, me solidarizo com todos os irmãos espíritas.
Não foram apenas eles que perderam duas luzes fraternas — foi toda a humanidade.
Um ciclo se encerra. Uma nova estação começa a surgir no horizonte.
Jesus nos prometeu que nunca estaríamos sós. Assim creio. Assim espero.
Que os conhecimentos espirituais e fraternais dessas almas sejam luz para nossos passos aqui na Terra.
Somos, sim, privilegiados. em fazer parte deste mundo, diante da imensa fila de espermatozoides, querendo fazer parte dele, e cá estamos, recebendo novas oportunidades benfazejas para nos lapidar espiritualmente, porque o corpo, é só carne, um dia desaparecerá, mas a alma que habita este vaso, este corpo, se libertará e alçará altos e profundos voos., somos espíritos, e criados da luz, tal qual aqui nos moldamos, para o universo estelar voltaremos...
Deus nos enviou tantos santos e santas, pastores de ovelhas, líderes comprometidos com o amor solidário e incondicional, para ajudar não apenas os empobrecidos de matéria, mas todos — indistintamente.
Que a paz e a vontade de Nosso Senhor estejam com todos.
Que Ele acolha com ternura essas almas tão zelosas, despretensiosas e desapegadas — como o ex-presidente "Mujica", do Uruguai, que aqui incluo.
Antes de julgá-los — porque muitos de nós outros o fazemos por ignorar a forma de sua existência e seus porquês — conheçam suas histórias de vida.
Vieram. Fizeram. E partiram, Iluminando acima do alqueire. Algumas dessas luzes, permanecem ainda caminhando, e semeando por aqui conosco, AMOR FRATERNO...
Meus sinceros sentimentos.
Deus e todos os Santos conosco permanecem, este é o nosso consolo, sigamos pois como eles, amando, escrevendo, falando e construindo pontes de amor e paz, e no final dá tudo certo ....
— MângelaCastro - 14/05/2025